terça-feira, 21 de julho de 2009



Q
uis, juro, escrever sobre michael jackson
. Não consegui. Tornei-me fã póstuma e fiz o que faz uma admiradora: colecciona. Coleccionei horas de directos em holmby hills, entrei indiscretamente na mansão; passeei nas amplas divisões decoradas ao gosto do astro – pouco importa se sofisticado ou kitsch; vi e ouvi a ambulância que saía em marcha atrás pelo pórtico principal, levando o corpo do auto-proclamado rei para o hospital ronald reagan onde chegaria sem vida. Eram duas e vinte e seis da tarde, hora indigna para morrer.

Eis-me a peregrinar pelo passado dos jackson five. Eu nasci no mesmo ano. Se tivéssemos brincado juntos talvez chorássemos a perda de presley ou de norma jean, ou nos abismássemos diante do primeiro passo na lua, antes de michael se fartar de a oferecer em dança aos súbditos que o seguiam, perseguiam e abafavam, e a quem ele saudava com a entrega de um beijo nos dedos, um v de vitória ou um repetitivo I love you too.

Não estranhem esta proximidade abusiva, ele é americano e a música de que eu mais gostava então era maria, lembram-se?, o nome na moda em portugal actualmente. Mas não só por isso. Um ídolo americano é um ídolo universal e ninguém fica imune a um ídolo assim, nem que seja para lhe apontar os pés de barro. E apontaram.

Fui a neverland no google, figueroa road, los olivos, santa bárbara; vi a entrevista de bashir nos diferentes cenários: neverland, las vegas e florida; imaginei o rosto dos filhos antes da cerimónia fúnebre; não sabia o que pensar daquilo no staples center. Lembrei-me que no livro que ando a ler, debaixo do vulcão, de malcolm lowry, passado no méxico, as pessoas cantam e dançam nos funerais e que por esse prisma não tenho nada que achar, é assim, pronto; mas ele estaria ali? Ainda não acredito.

Agora as músicas, as que mais me agradam, ouvidas à exaustão, graças ao youtube; as entrevistas, os casos polémicos, o apogeu e a decadência, o ser humano, demasiado humano e no entanto...

nota: neste relato a objectividade deixou-se levar pela mão da afectividade.




1 comentário:

  1. A perseverança é um recurso poderoso para quem sabe utilizar a vida.
    "The show must go on"

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