terça-feira, 23 de dezembro de 2008


dá-me um pequeno verso de vez em quando*

Era um pequeno verso o que pedia etty a deus nos últimos tempos. Não sabemos o que transportou com ela para auschwitz, se levou os livros que queria, se não. Sabemos, porque deus nunca a abandonou embora o desalento a assaltasse por vezes, que guardava na memória os versos, os versículos e foi com eles que partiu a sorrir.

Também não quis para si nenhuma foto do seu grande amor, um homem mais velho que um dia a confrontou com a idade da alma. Sim, questionou-a sobre que garantias tinha de que a sua alma era mais velha do que a dela. E porque não há resposta, e que as almas não tendo idade não podem ter rosto, de nada servia uma foto. Mas o pente dele, o pente cor-de-rosa, quis guardá-lo e desesperava se o perdesse.


* Etty Hellisum, Diário

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