domingo, 13 de novembro de 2011

isabel







Pequena Isabel, também tu podes comandar os ventos. Como a filha de Bolena i too, can command the winds, sir, porque a tua idade permite que o faças
ainda que estes tempos não sirvam para sonhar.
Querias sair, dizias mande-me embora, repetias, repetias,
foste para o fundo da sala e deitaste-te no chão
murmurando fod, caral, para te ouvir não ouvindo.

Grita pequena Isabel deixa a tua revolta ecoar a alma desesperada
pelo tratamento que lhe dão, pelo que lhe proíbem e permitem
e tu assim, rastejando, já mais perto de mim
de bruços, as mãos segurando um riso diabólico de primavera a despertar
as pernas magras a balançar no vazio, à espera
enquanto eu vocifero a minha autoridade com o olhar.

Olha para mim pequena Isabel. Falei-te da Renascença não para te apresentar a outra, a grande Isabel que derrotou a Invencível Armada com as asas
prontas para voar. Falei-te de Arcimboldo e das estações, lembras -te da capa do teu livro escola? um arcimboldo moderno feito de muitos livros.
Olha para mim
também eu sou feita de outono
mas as folhas que moldam o meu rosto ainda não se desprenderam.

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