domingo, 6 de novembro de 2011

walden




O lago de domingo à tarde que não visitei
Thoreau vindo do nada, que é aquilo que ignoro,
disse Walden e os hippies encheram as margens de garrafas de cerveja
e as árvores derrubadas para empreendimentos turísticos
fragmentos de um tempo culpado. Há muito que a América vive comigo
toda ela imensa de paisagens cinemáticas. Perante o silêncio das possibilidades e a angústia
do imposto a pagar
a voz da Janis revolta cantando oh lord
como a nossa até que a voz lhe doa em português rouco de rio sem povo.

Thoreau outra vez e o lago Walden no Massachusetts. É um Outono amarelo e seco dia seis de Novembro às cinco da tarde. Desobediência. Civil.
Fui para os bosques disse ele viver de livre vontade. Lá sugou o tutano da vida…para descobrir que viveu. Descobrir quando estiver morto. Aproprio-me das suas. Palavras ao vento frio que nesta latitude adeja a bandeira do nosso barão bêbado
a chamar a tuna para o tum tum
e a oferecer uma rosa à princesa presa na torre
e a beber à Malhoa mas em copos de vidro porque não
os homens não são feitos do mesmo barro.

A América também fala português de Sena. Um português viril de quem tudo viu
e passou trabalhos e quando a morte o buscou já o encontrou morto. Morto que vai
ao nosso lado. Aproprio-me das suas. Palavras e de outros. Desobediência civil.
Once up on a time. E agora, funcionário público cansado?

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