canção do ícaro novo*
O silêncio invadiu as ruas. As janelas das casas continuam fechadas e os carros intactos na mudez dos passeios comprovam que apenas os sonhos povoam a noite prestes a despedir-se.
Na escuridão a terra respira mais alto e embala o sono. Ainda há poucas horas uma melodia arrastada e dolente acompanhava um homem de origem asiática que se abeirara do precipício. O lugar que ocupava devia permitir-lhe ver o alto e o baixo, o norte e o sul, o nascente e o poente. Como se sabe em casos semelhantes apenas via o poente e sorria feliz. Uma manta substituía as asas de cera quando franqueou o voo multiplicado em mil quedas infinitas e intermináveis de tantos filmes a cores e a preto e branco. A tragédia individual da descida ao céu tinha uma voz como almofada. Uma voz melíflua como convém ao espaço onírico demarcado pela cadência do piano: you can always be free. Só o eco gritava o desespero e o desencanto que o alto de uma torre ou uma janela colam a esta forma de liberdade e que o som cavo do corpo na calçada ou no tejadilho consubstancia em sangue, muito sangue salpicando incertezas: maybe not in the words, maybe not in look but with your mind.
O silêncio invadiu as ruas. As janelas das casas continuam fechadas e os carros intactos na mudez dos passeios comprovam que apenas os sonhos povoam a noite prestes a despedir-se.
Na escuridão a terra respira mais alto e embala o sono. Ainda há poucas horas uma melodia arrastada e dolente acompanhava um homem de origem asiática que se abeirara do precipício. O lugar que ocupava devia permitir-lhe ver o alto e o baixo, o norte e o sul, o nascente e o poente. Como se sabe em casos semelhantes apenas via o poente e sorria feliz. Uma manta substituía as asas de cera quando franqueou o voo multiplicado em mil quedas infinitas e intermináveis de tantos filmes a cores e a preto e branco. A tragédia individual da descida ao céu tinha uma voz como almofada. Uma voz melíflua como convém ao espaço onírico demarcado pela cadência do piano: you can always be free. Só o eco gritava o desespero e o desencanto que o alto de uma torre ou uma janela colam a esta forma de liberdade e que o som cavo do corpo na calçada ou no tejadilho consubstancia em sangue, muito sangue salpicando incertezas: maybe not in the words, maybe not in look but with your mind.
ícaro queimou as asas...
ResponderEliminarconheço um ícaro, oxalá não suba demasiado...
bjs.
Pois, vamos conhecendo ícaros e, se o são, seguramente que queimam as asas.
ResponderEliminarBeijinhos