
Se fosse eu, que estive na manifestação, a dizer que a culpa é do sindicato – vá, sindicatos – ninguém duvidaria. Até porque tirei algumas fotografias que o comprovam, como esta aqui acima que não foi manipulada em nenhum programa tipo photoshop, picasa e coisas dessas. São visíveis as siglas, percebe-se que houve um objectivo a unir essas mesmas siglas do norte, do centro, do sul, das ilhas. Os braços levantados apontam um grito comum, uma palavra de ordem repetida em eco, rua áurea acima até ao marquês. É óbvio que não se tratava de um estádio de futebol onde é comum ver-se as bandeiras portuguesas paredes-meias com a propaganda da portugal telecom. Se eu dissesse que aquelas bandeiras todas eram bandeiras portuguesas, ninguém confirmaria. E no entanto havia ali algo absolutamente, irreversivelmente, nacional.
Se fosse eu, professora, a dizer que não há outro caminho para a …(perdoem-me, estou enjoada da palavra), ninguém atestaria. É claro que há. Há sempre caminhos. A começar pelo diálogo. Para se estabelecer o diálogo é preciso um código comum. Parece que o código linguístico português não tem servido até agora. O que é preto para milhares de pessoas que no terreno lidam com o dia-a-dia da escola, é branco para quem já reformou o que tinha de reformar, quando congelou carreiras e instaurou um novo estatuto para a carreira docente. Seguramente que houve diálogo – uma espécie de eufemismo, porque nestas coisas as palavras também têm o significado que se lhe quer dar –, e que daí resultou este ambiente tranquilo e verdejante que envolve o sistema de ensino público português.
nota: porque se impõe, abro um novo separador para assuntos educativos.
o que dizes tu, relativamente ao protocolo de entendimento que os sindicatos teriam assinado (após dois penosos anos de negociações) com o Ministério e agora, supostamente, não estarão com vontade de respeitar?
ResponderEliminarOlá, azuki,
ResponderEliminarnão sei o que levou os sindicatos a assinar o dito memorando. Se quisesse fazer demagogia política, que é infelizmente o que mais ouvimos, podia arranjar n razões que vão desde a boa vontade no entendimento entre as partes, até à pressão e à chantagem exercida por quem detém o poder. Mas trata-se mesmo do estrangulamento de uma carreira, sem precedentes.
É como estar no emprego a fazer o trabalho e, ao mesmo tempo, a criar grelhas e grelhas- supostamente de avaliação desse teu mesmo trabalho -, a reunir com os colegas e superiores, a repensar a comparar a refazer, a ler os decretos, os despachos, a aplicar, a fazer grelhas...montes e montes de papéis inúteis, incongruentes, contraditórios... e, chegar o patrão e dizer que quer o trabalho para ontem. É assim que tu tens as escolas hoje. No meio disto... o que conta essta tal do memorando?
Olá, Clarinda!
ResponderEliminarBom...eu acho que as pessoas têm que se responsabilizar pelos seus actos, é só isso. Se desrespeitam o memorando, deveriam ter justificações plausíveis.
Digo isto porque não tenho simpatia pelos sindicatos de professores, que são das coisas mais reaccionárias, mais indisponíveis para a mudança que eu já vi.
Acresce que os professores foram ganhando privilégios que outros funcionários públicos não têm. Basta comparar horários e remunerações de um professor e de um qualquer outro funcionário público em final de carreira. Pelos exemplos que conheço, a discrepância é gritante.
Perdoa-me a franqueza, mas é minha opinião que a razão não estará só de um lado.
Admito que a ministra não seja o demónio que se pinta, ao mesmo tempo que constato a sua profunda inépcia, já que conseguiu fazer juntar toda uma classe contra ela. São tantas as críticas e tão elevado o descontentamento que, mesmo tendo razões válidas, MLR tem demnonstrado uma total falta de senso a tentar implementá-las.
A isto acresce a cada vez maior dificuldade que os professores sentem em se fazer respeitar pelos alunos e demais (encarregados de educação,...), a falta de independência das escolas, etc ...., o que é suficiente para reduzir substancialmente o brio com o qual eu acredito que a maioria dos professores ensina.
Ouvi esta semana, a um brilhantíssimo professor (José Pedro Serra, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), esta frase que não esquecerei: "a base do ensino é o amor pelos alunos".
O País espera que o vosso amor continue a iluminar as nossas crianças e jovens.
azuki,
ResponderEliminarQuanto a sindicatos, diga-se o que se disser, não seriam eles a conseguir mobilizar aquela gente que esteve na Praça do Comércio, no dia oito. Quem o conseguiu foi o Ministério da Educação.
Quanto a privilégios dos professores, cada um sabe de si. Não pensarás tu que um professor só trabalha as horas que está diante dos alunos, pois não? Por mim, sei que trabalhei e trabalho para a escola muitas mais horas que nunca foram ou serão contabilizadas (azar o meu?). E sei também que não sou a única.
Sobre a actual responsável da Educação não´é como a pintam, é pior.
Sobre as directivas para a escola inclusiva,a escola para todos, o desrespeito pelos professores parece que o país anda a dormir, porque isso é mesmo um caso nacional.
Acresce ainda o clima de intimidação que esta equipa ministerial instalou nas escolas, incomportável na sociedade dita democrática.
Os professores não são burros, nem são lixo, azuki, tratá-los como tal é um erro que só a teimosia cega de alguém que acha que isso lhe dá votos e mostra a excelÊncia da governação é, sem dúvida, um grande erro.
Sobre o amor de ensinar, bem...falo por mim, mas sei que não sou a única.